“Congelamento da tabela SUS interessa à iniciativa privada”
Afirmação é de Henrique Prata, diretor do Hospital do Câncer de Barretos, em audiência na Câmara dos Deputados
BRASÍLIA – Durante a audiência pública do grupo de trabalho da Câmara de Deputados que estuda a atualização da Tabela SUS, realizada nesta terça-feira, 13 de agosto, Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, antigo Hospital do Câncer de Barretos, referência na área, disse que o congelamento da Tabela SUS é manipulado pela medicina privada.
– A mísera Tabela SUS faz o pobre morrer na fila de espera. É impossível acreditar que um médico formado vai receber R$ 10 por consulta ou R$ 120 por uma cesárea. Quase todos os serviços do SUS estão nas mãos da medicina privada, exames de imagem, que são rentáveis, são fornecidos por eles, através dos convênios. Em nossos hospitais fazemos o certo, mas todos os meses faltam R$ 26 milhões entre o que a Tabela SUS paga e o nosso custo real – disse Prata.
A Tabela SUS, que tem procedimentos não atualizados já 23 anos, estabelece o valor dos reembolsos dos serviços prezados pelo sistema público e conveniado.
O deputado Luiz Antonio Teixeira Jr. (PP-RJ), que também é ortopedista, exemplificou a defasagem da Tabela SUS no procedimento de artroplastia do joelho, que é a substituição da articulação por uma prótese.
– É impensável que a tabela estabeleça R$ 1.200 para aquisição de órteses e próteses e remunere toda a equipe cirúrgica com R$ 271,00. Desta forma não é possível fazer nenhum procedimento no Brasil – afirmou.
Presidente da Organização Nacional de Acreditação (ONA), Claudio Algayer destacou que, no Brasil, a saúde movimenta 9% do PIB e emprega mais de dois milhões de profissionais. O mercado brasileiro em saúde é o 8º maior do mundo com uma rede composta por 6,7 mil hospitais.
– Não adianta apenas aumentarmos os valores da Tabela SUS sem mudar a sistemática. O novo sistema de relacionamento do SUS com os prestadores de serviço precisa estar alinhado com o conceito de valor em saúde. A saúde não pode ser apenas vista como uma missão, mas também como uma atividade econômica que precisa ser valorizada. A pertinência de um procedimento deve ser avaliada com todo o cuidado – acrescentou o especialista.
Também estiveram presentes na audiência Emílio César Zillig , representante da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, Miyuki Goto, da Associação dos Médicos do Brasil e Maria Inês Gadelha, representante do Ministério da Saúde.
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